Por que a doutrina do Espírito Santo
Introdução
Faz alguns anos que a Escola Bíblica da Rede Novo Tempo de Comunicação tem atendido certo número de adventistas, que têm passado por dificuldades em compreender o que está revelado sobre o Espírito Santo. Embora o nosso atendimento esteja voltado para as pessoas que ainda não pertencem à igreja, tentamos ajudar os membros que nos procuram, dentro das nossas possibilidades. Portanto, eu gostaria de compartilhar alguns pontos de vistas com meus irmãos na fé.
Você já parou para pensar, por que foi que Satanás escolheu o assunto da personalidade do Espírito Santo, para ser uma das suas principais ferramentas de ataque contra a igreja na atualidade? Dentre as muitas razões, vou destacar três, com a finalidade de refletirmos um pouco mais sobre como nos comportar diante do confronto doutrinário quanto à pessoa do Espírito Santo.
Eventos Finais em Ameaça
Para que Jesus volte logo, o evangelho precisa ser pregado a todo o mundo. Segundo o que conhecemos dos estudos proféticos sobre os eventos finais, este é um dos sinais que esperamos ver acontecer. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim (Mateus 24:14). E como estamos?
Somos mais de 15 milhões de adventistas ao redor de todo o mundo. Só os brasileiros são bem mais um milhão. Como denominação, oficializamos cinco igrejas por dia. No meio evangélico, não existe outra rede particular de ensino e nem de saúde, maior que as dos adventistas. Esta oitava maior corporação religiosa do mundo batiza um novo adventista a cada 28 segundos. E você pode perguntar: “Mas e quanto aos que se apostatam?” Eu lhe respondo com uma outra pergunta: “E quanto à igreja invisível?”.
Estou me referindo aos adventistas em potencial, ou informais, frutos de ministérios silenciosos como a educação, as publicações e a mídia. Mais de cinqüenta milhões de brasileiros têm a oportunidade de assistir ou ouvir os programas da Rede Novo Tempo, em seu próprio lar. Em muitos casos, tais programas fazem todo o papel do ensino e da evangelização, e o ouvinte, internauta ou telespectador, passa a viver todos os ensinamentos cristãos que aprendeu, embora desconheça a existência da igreja. Estas pessoas costuma dizer que pertencem à “Igreja Voz da Profecia”, “Igreja do Pr. Fulano de Tal”, “Igreja da Novo Tempo”, etc. São “adventistas” que ainda não conhecem a organização adventista.
A presença adventista, em dados aproximados, está em 210, dos 230 países reconhecidos pela ONU. E então, só nos faltam cerca de 20 países? Não, por causa das ondas de rádio e televisão que levam a mensagem para dentro destas fronteiras aparentemente intransponíveis. Se não podemos abrir igrejas na China, da ilha de Fideo, a nossa rádio, através das suas ondas, vai pregar o evangelho nos lares chineses. Cobrimos todos os continentes através de satélites.
A igreja está praticamente preparada cumprir Mateus 24:14. Se você ler o livro de Denis Smith, O Batismo do Espírito Santo, vai perceber que para a igreja alcançar isto, só lhe falta uma coisa: o batismo coletivo do Espírito Santo. E é exatamente isto que Satanás não quer ver acontecer. Pense: se, técnica e teoricamente, impedir que Mateus 24:14 se cumpra, seria impossível, que outro acontecimento dos últimos dias poderia ser detido pelo inimigo? Que tal, a chuva serôdia? É isso aí! Se a igreja não aceitar o Espírito Santo como Ele é, como irá recebê-Lo? O reavivamento é um evento final profetizado que precisa acontecer, caso contrário, Cristo não volta. Não é uma estratégia bem maligna?
Trabalho Inútil
Eu poderia classificar os correspondentes da Escola Bíblica que apresentam questionamentos sobre a personalidade do Espírito Santo, em três grupos distintos.
Várias pessoas que ouvem ou assistem à Novo Tempo e ainda não estão satisfeitos com sua própria compreensão sobre quem é a terceira pessoa da trindade, nos procuram com a finalidade de aprender mais. Elas se originam das mais diferentes denominações cristãs, e não fazem parte das discussões dissidentes que existem dentro da própria igreja. Como estamos aqui para evangelizar, este é o nosso público-alvo. Depois que nos procuram, nossas correspondências sempre terminam em um amigável relacionamento de ensino-aprendizado, onde houve crescimento.
Existe uma outra classificação de pessoas que também nos procuram porque têm dúvidas sobre quem é o Consolador, mas que se diferencia num ponto: como surgiu a dúvida. Neste caso, geralmente o indivíduo não tinha problemas com a compreensão doutrinária, até que alguém lhe apresentou uma outra interpretação. Como esta “nova luz” contradiz o que ele aprendeu com a igreja, ele nos procura para receber explicações. Como está muito confuso, o destino das suas crenças precisa de um cuidado muito especial.
Minha preocupação é com a pessoa que já decidiu descrer na pessoa do Espírito Santo. Na maioria dos casos, o nosso atendimento a este tipo de (des)crente segue uma seqüência um tanto uniforme. Primeiro o “irmão” se apresenta com um material de conteúdo volumoso, para nos apresentar suas razões de questionamento. Aparentemente quer aprender, mas o desenrolar do diálogo logo mostra que ele está pedindo uma satisfação da igreja, porque ele julga que ela está “ensinando errado”. Como não nos seja tão difícil fazer a defesa ao nosso Amigo Intercessor, através do que está revelado, os argumentos do questionador logo acabam, mas não o debate. É nesse ponto que ele revela as reais razões dos seus questionamentos, que são as críticas à igreja. Possivelmente esta pessoa não assumirá as suas motivações dissidentes. Sabe por quê? Provavelmente também, esta pessoa não será humilde o suficiente para rever os seus conceitos. Imagina por quê? Como cristãos evangelizadores, a nossa humilde tarefa é mostrar às pessoas, o que está revelado sobre Deus. Neste esforço nós abrimos a Bíblia e as ajudamos com algumas explicações. Mas, quem somos nós para operar no coração de alguém? Somos muito conscientes de que quem realmente convence o pecador é o Espírito Santo. Todavia, se o pecador que precisa ser convencido pelo Espírito Santo ignora este Único Ser no Universo que poderia ajudar-lhe, como conseguirá enxergar o seu erro? Entende a seriedade da preocupação de Paulo em nos advertir a não “entristecermos” o Espírito Santo (Efésios 4:30)? Percebe o motivo de Jesus afirmar que não ser um crente no Espírito Santo pode chegar a ser um caminho sem volta (Lucas 12:10)?
Se Satanás quer nos afastar dos caminhos de Deus, definitivamente, haveria uma tática melhor do que esta? É aí que começamos a entender porque esta divergência doutrinária termina em apostasia e divisão de igrejas, mais que qualquer outra. Como uma segmentação que diverge em relação ao Espírito Santo irá ter o fruto dEle, o fruto da conversão? “Um povo sem conversões”: eis o prato cheio do inimigo de Deus.
Polêmica Sem Fim
Você deve conhecer aquela velha ilustração, de que tentar compreender a Deus é como tentar colocar toda a água do oceano num buraquinho cavado no chão litorâneo. Eu acredito que não existe cristão pensante no mundo que nunca tenha tido algum questionamento sobre a identidade de Deus. Isto é natural porque somos inteligentes e limitados, ao mesmo tempo. Vivemos o paradoxo de sermos chamados para conhecer a Deus (João 17:3; Jeremias 29:12-13) e ao mesmo tempo sermos incapazes de conquistar isto por completo (Jó 11:7-8; Salmo 145:3). Em seu livro “O Deus (In)visível”, depois de tanto questionar sobre a nossa incapacidade de conhecer a Deus, Phillip Yancey me leva a concluir que, mais importante que medir a Deus, é se relacionar com Ele, aceitando-O como Ele é. Devemos aceitar o que Deus revela, porque Ele disse, e nós confiamos. Mas acontece que isto é muito difícil para alguns cristãos excessivamente racionais.
E aí entra a eficácia maligna da contenda sobre como é a identidade da terceira pessoa da divindade. Onde duas idéias diferentes se antagonizam na tentativa de explicar o que é humanamente inexplicável, mesmo o lado correto terá, em sua defesa, limitações que continuarão se manifestando em formatos de interrogação. Então, por não conseguir dar todas as explicações, para os que gostam de se alimentar da dúvida, o correto passa a ter aparência de engano. Misturar o erro com a verdade é uma estratégia antiga, mas agora ela tem um adicional: as dúvidas que não se calam nem se explicam.
Resultado? Certos e errados, sinceros e críticos, perseveram na controvérsia que desvia-lhes do foco original da sua fé. O tempo que deveriam usar para comungar com Deus e evangelizar o próximo é gasto em apologias que apenas continuam a pintar uma imagem maximizada e distorcida, de uma igreja confusa. Enquanto a igreja fica se desgastando na tentativa inútil de dar todas as explicações sobre quem e como é Deus, os que não concordam com sua doutrina se aproveitam desta limitação para aumentar o descrédito eclesiástico – o que mostra que não se trata somente de uma divergência doutrinária, mas de uma rebelião armada.
Nós devemos buscar o esclarecimento da verdade, inclusive para ajudar aqueles que estão no vale da dúvida. Mas este esforço tem limite. Uma vez que o problema da dúvida que o inimigo instala na igreja se torna infindável, precisamos analisar se não estamos contribuindo para que ele descanse em paz.
Conclusão
O assunto da identidade e da personalidade do Espírito Santo tem sido usado como uma estratégia satânica para perverter, ao máximo que puder, a igreja de Deus. Portanto, as raízes desta indisposição de alguns em crer no Consolador conforme o que está revelado estão firmadas além do campo das opiniões e das idéias. Este problema se origina no conflito cósmico entre o bem e o mal, como uma estratégia do próprio autor do mal, onde os humanos envolvidos, apesar de participarem da culpa ou não, são apenas o campo de batalha.
Ai dos que habitam na terra e no mar, porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta (Apocalipse 12:12). Dentre as muitas razões que o inimigo poderia ter para escolher as dúvidas sobre a doutrina do Espírito Santo para ser uma das suas principais ferramentas de ataque à igreja, justamente na época atual, destacamos três: a) impedir a chuva serôdia, e por conseqüência os eventos finais, porque desabilita a igreja de receber o Espírito Santo, uma vez que não O reconhece como Ele é; b) impedir o crente de compreender o próprio assunto, por estar fechado para o próprio ensinador que é o próprio Espírito Santo; c) deixar a igreja envolvida numa polêmica sem fim, uma vez que o assunto sobre as características divinas nunca será plenamente compreendido pela mente humana.
A igreja deve continuar a estudar o que existe revelado sobre o assunto da personalidade do Espírito Santo, mas precisa se conscientizar de alguns detalhes. Ao encontrarmos um irmão ou uma comunidade cristã que está passando por dificuldades de crer na pessoa do Espírito Santo, devemos prestar-lhe um auxilio especial, pois se trata de um risco maior de ruína espiritual: o risco de perder a própria salvação e de impossibilitar a igreja de triunfar. Mas devemos nos conscientizar de que, ao defender a fé, tentar fazer um papel que nem Deus faria pode nos tornar agentes da própria vontade satânica.
Se diminuirmos e depreciamos a pessoa e a personalidade de Deus para uma “coisa” qualquer, então, “conseguiremos compreende-la”, por termos redimensionado-a para caber no limitado espaço da nossa louca razão. Portanto, aceitar uma outra “doutrina”, ou querer ampliar a interpretação atual, só por parecer que assim será possível dar respostas mais lógicas, pode ser um assassinato à natureza original da fé. Nunca compreenderemos a Deus plenamente, em especial, ao Espírito Santo, que é a parte menos revelada da trindade.
A equipe da Escola Bíblica tem se reunido na central da Rede Novo Tempo para rogar a ajuda de Deus aos seus filhos, nos complicados caminhos da fé. Eu desejo que você sempre continue ao lado da verdade, pois quero ter a alegria “triúna” de encontrar-me com você e com o Espírito Santo, na glorificação.
Um abraço,
Pr. Valdeci Júnior